domingo, maio 28

Sobre a difícil arte de se relacionar

Nunca me senti tão cruel quanto hoje. Olhei nos olhos do homem que esteve ao meu lado nas últimas cinco semanas e pedi a ele um tempo. Sinto meus pêlos dos braços arrepiados enquanto escrevo isso, sabendo que ele provavelmente vai ler. Não sei como ser menos dura. Eu nunca soube terminar relações. Sempre achei que era só parecer fria e distante e elas terminavam sozinhas. Mas não foi assim. Ele me cobrou explicações, me disse que precisava ouvir meus frágeis argumentos pessoalmente. Olhos nos olhos. E eu tremi. Engasguei. E não soube dizer muito claramente que o problema sou eu. Que eu não estou pronta pra me relacionar com alguém como ele, que eu preciso de um tempo pra colocar a minha vida nos eixos e repensar os meus objetivos.

Não consigo dormir, não consigo parar de pensar no olhar de pesar que ele tinha. É mais uma pessoa que eu decepcionei, mais uma pessoa que eu perdi. Posso ter mandado embora a minha alma gêmea, o amor da minha vida e essa dúvida vai se perpetuar. Mas não dava mais para continuar, não seria legal para ele. Todas as não-afinidades que no começo pareciam me atrair ainda mais, foram nos separando com o tempo. Eu já não via mais nele o olhar de admiração que tanto encantava meu ego.

Agora, precisamos seguir em frente, os dois. A felicidade nos espera em algum lugar e eu estou torcendo por ele, acho até que mais do que por mim mesma.

quarta-feira, maio 17

Querido Amor Perdido,

Estou escrevendo para te dizer que estou com saudades. Sonhei com você e meu coração doeu. Dor de amor é sempre mais doída e eu não consegui mais dormir. Percebi tardiamente que amar você fazia minha vida mais fácil. Com você não tinha joguinhos ou adivinhações. Você era simples e sempre dizia o que pensava, não eram enigmas de uma paixão doentia. Amor Perdido, você me amava despenteada, mal-humorada e com coriza. E eu tenho que te confessar que nunca mais encontrei alguém que me amasse assim. Você nunca fingia e não me deixava sofrer por antecipação ou por não saber seus pensamentos. Não hesitava antes de falar e era sempre sincero e autêntico. A única coisa não clara em você eram seus olhos, que passeavam entre o azul e o verde. Ah, seus olhos, os verdes olhos que já foram meus.

Saudades de você, meu Amor Perdido, dos nossos planos apaixonados e dos seus telefonemas no meio da noite. Saudades das reconciliações e dos beijos molhados nas minhas costas. Saudades de beber vodka ao som do Nirvana e de comer Chambinho de mel assistindo sempre os mesmos filmes. Saudades de você me olhando torto e de cenho franzido quando eu teimava em ir embora mais cedo. Enfim, saudades de você, meu Amor Perdido... E eterno.